A importância do Artesanto mais que uma arte !!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010
A palavra arte pode assumir várias significações na linguagem, falando-se da transformação da matéria bruta pelo homem, ela pode representar uma forma de produção quando se desenvolve na procura do útil; ou uma forma de expressão se se desenvolve na procura do belo. Quando a palavra arte for citada neste texto deve ser entendida tal como nos fala Aristóteles; arte mecânica, técnica, arte de fazer ou simples ofício.

O estilo do artesão empresta originalidade a seus objetos, como que a marca pessoal, enquanto o padrão é a marca do grupo. Cada artesão escolhe um estilo, mas não deixa de ser influenciado pelo ambiente (a natureza) em que vive e pelos modos de vida própria da área cultural que pertence.

A escolha do campo de trabalho artesanal do ofício ou especialidade é ditada pelo material adequado a transformação e abundante no lugar. Isso ocorre dos recursos naturais.

Os índios da Ilha de Marajó foram nossos melhores ceramistas, naturalmente porque dispunham de boa argila e no entanto não conheciam a pedra. Ao contrário dos índios da região do Amapá, Sacia do Rio Oiapoque foram grandes artesãos de objetos líticos pois estes dispunham de pedra e não de argila.

Artesão

Artesão é a pessoa que faz a mão objetos de uso freqüente na comunidade. Seu aparecimento foi resultado de pressão da necessidade sobre a inteligência aliada ao poder de inovar, possibilitando também ligar o passado ao presente, mediante a linguagem; possibilitou as gerações mais novas receber das mais velhas, suas técnicas e demais experiências acumuladas.

Importância do artesanato

No processo evolutivo da raça humana, a atividade econômica deve ser examinada como etapa inicial. Sem trabalho, o homem não avança sequer um palmo na via esplendida do progresso. E foram as mãos que abriram o caminho para a longa e vitoriosa jornada que inda prossegue.

Desde tempos remotos, conforme vimos, o homem inventou e fez instrumentos, e descobriu processos que lhe aumentaram a eficácia da ação produtiva. À soma de tais possessos acreditamos poder chamar artesanato, embora nascente, porque, àquela época, eram as técnicas reduzidas em número e bastante elementares.

Além dessa sua importância histórica, o artesanato abrange outros valores, os quais hoje o tornam reconhecido, universalmente. Os povos mais desenvolvidos do mundo criam instituições destinadas ao seu incremento e o realizam mediante exposições periódicas e feiras anuais de objetos de arte popular, com distribuição de prêmios aos primeiros artesãos colocados, levantamentos de mapas artesanais, amparo comercial e outras medidas inteligentes.

Esse interesse fora do comum pelos trabalhos manuais se explica, provavelmente,com o receio às conseqüências do avanço tecnológico.

Examinaremos agora o artesanato sob alguns pontos de vista;

Social — Possibilitando ao artesão melhores condições de vida e atuando contra o desemprego, o artesanato pode ser considerado elemento de equilíbrio no país e fator de coesão, de paz social. Conforme se sabe, este sistema de trabalho conta com a participação ativa da família. O lar, então, além de centro de vida é também núcleo de aprendizagem profissional. Outrossim, o mestre-artesão desempenha um papel relevante na comunidade e sua arte é fator de prestígio.

Artístico
— O artesanato desperta as aptidões latentes do obreiro e aprimora-lhe o intelecto. Suas mãos, obedientes a impulsos mentais e inteligentes, deslocam a matéria-bruta, grosseira e passiva, e convertem-na com o calor de sua imaginação em coisa útil e por vezes bela. É a idéia que deseja a forma. Vale repisar que o povo não faz arte desinteressada ou arte pela arte, mas, não raramente, sobre ser utilitária, suas peças são bem acabadas, produzidas com esmero e revelam bom-gosto. Se o artesão, ale’m de habilidade manual, possuir talento e sensibilidade, aí então ele vira artista. Desse modo, sua experiência artesanal seria apenas uma fase de formação artística.

Pedagógico — Isto quer dizer que os trabalhos manuais são de grande valor para a criança em idade escolar, principalmente os de carpintaria, modelagem e papel recortado. Doutra parte, considera-se o artesanato como excelente meio para a educação de certos, que, se bem orientados nesse plano, podem adquirir habilidade prodigiosa e se realizarem na vida, plenamente.

Moral — O artesanato pode dar causa ao aperfeiçoamento espiritual e moral do artesão, sendo certo que o trabalho afasta a pessoa dos vícios e da delinqüência, Daí o provérbio "cabeça de desocupado é tenda de satanás", cuja sabedoria e exatidão certamente não se põem em dúvida.

Terapêutico — O artesanato abranda o temperamento hostil ou agitado de pessoas que sofrem desvios de personalidade, as quais poderão corrigir suas aberrações através da ocupação manual. Se, por exemplo, um tipo psicológico agressivo deseja fazer mal a alguém, ele o realiza — digamos no barro, e então se satisfaz, por transferência, assim se liberta do incômodo, livra-se de seu estado de tensão e obtém o equilíbrio intrapsíquico ou paz interior. Esse trabalho se recomenda ainda a certos enfermos que são obrigados a permanecer no leito durante muito tempo, embora tenham válidas as mãos e possam produzir certos objetos que exigem mais habilidade e paciência do que esforço físico.

Cultural — O artesão imprime traços de sua cultura nos objetos que produz, consciente ou inconscientemente. Muitas de suas tradições, como símbolos mágicos e crenças, ficam marcadas em suas peças.

Psicológico — O artesão se sente valorizado com sua arte porque faz objetos que têm serventia e isto lhe dá a certeza íntima de ser útil à comunidade. Ademais, e apesar do caráter regional do artesanato, o objeto produzido não deixa de ser o resultado de ato do artesão, que nele imprime a marca de sua personalidade. A psicotécnica adota medir certas dimensões psíquicas através de minucioso exame de objetos feitos a mão, nos quais a pessoas, inconscientemente, registra suas intenções e desejos e revela sua linha de comportamento.

0 comentários:

Postar um comentário